Nova entrevista para o Los Angeles Times

O jornal Los Angeles Times divulgou neste fim de semana uma nova entrevista com o Maroon 5, e eles conversaram sobre o “Hands All Over”, “Moves Like Jagger”, e também pela superprodução de “Overexposed”, leia:
Os membros do Maroon 5 tomam boa parte da responsabilidade por o que deu errado em “Hands All Over”, o álbum de 2010 que temporariamente pausou a ascenção do grupo de pop/rock de Los Angeles.
“Eu não acho que sabíamos que tipo de álbum nós estávamos fazendo,” relembra o vocalista Adam Levine este mês no Conway Studios, com seu corturno em cima de uma mesa de mixagem enorme. Ele e o guitarrista James Valentine estavam no Conway para gravar comentários faixa-a-faixa sobre o novo álbum para o Spotify. “Foi como uma mistureba – todos essas idéias distintas e músicas que não faziam o menor sentido juntas.”
Ainda assim, Levine acrescentou, com uma risada, que o Maroon 5 não pode levar toda a culpa pelo problema do “Hands All Over”, que de acordo com o Nielsen Soundscan vendeu 1.1 milhão de cópias – metade das vendas do “It Won’t Be Soon Before Long” de 2007. Também teve o fator do castelo Suíço que a banda ocupou enquanto trabalhava com o produtor Robert John “Mutt” Lange.
“Nós estávamos nesse paraíso idílico, que é um lugar horrível para se fazer um álbum,” conta o frontman. “A neutralidade Suíça é muito conhecida e eu sinto que a neutralidade infectou o terceiro álbum do Maroon 5.”
“Vamos lá, escolha um lado!” Valentine brincou, antes de acrescentar, “nós escolhemos um lado desta vez.”
Realmente escolheram. Para “Overexposed”, que sai nesta Terça, o Maroon 5 recrutou os serviços de um pequeno exército de mercenários do Top 40, incluindo Max Martin, Ryan Tedder e Benny Blanco: os produtores com toque de Midas responsáveis por alguns dos maiores – e menos ambivalentes – singles da última década. Pense em “Since U Been Gone” da Kelly Clarkson e “Teenage Drem” de Katy Perry.
O alinhamento com A-List hitmakers é uma surpreendente girada para um grupo – com o baixista Mickey Madden, baterista Matt Flynn e tecladista PJ Morton – que por anos se posicionou como uma banda operando fora do complexo pop-industrial. “Ninguém que estivesse de fora do grupo escreveu uma nota para esta banda,” Levine contou para a Billboard em 2010.
Ainda no ano passado, o cantor acordou um dia com uma revelação. “Nós adoramos ter grandes hits,” ele diz, descrevendo um prazer que o Maroon 5 experimentou inicialmente com “This Love” e “She Will Be Loved”, do multiplatinado debut de 2002, “Songs About Jane”. “E houve uma pequena falha na nossa habilidade de fazer isso acontecer. Nós precisávamos de ajuda.”
Eles a conseguiram com Blanco, que recrutou Levine – então um jurado na competição de canto bem-sucedida da NBC The Voice – para participar de “Stereo Hearts” do Gym Class Heroes. O single foi para o #1 nos charts pop-rock da Billboard.
“Depois que coloquei Adam naquela gravação, ele realmente a queria para si,” diz Blanco. “Eu estava tipo – Olha cara, está tudo bem – nós vamos apenas fazer outra para você.”
A seguinte com Blanco fez ainda mais sucesso. “Moves Like Jagger” do Maroon 5, com participação da co-estrela do “Voice” Christina Aguilera, ficou no topo do charts em 18 países e vendeu mais de 5 milhões de cópias nos Estados Unidos.
“Jagger nos salvou,” Levine reconheceu no Conway. “Isso totalmente reviveu a banda.”
O sucesso da banda também forneceu uma planta do “Overexposed.”
“Se isso não tivesse acontecido eu acho que nós nem teríamos pensado em aceitar outras colaborações”, disse Valentine.
O novo álbum preserva a camada melódica da banda e os vocais cheios de alma de Levine, mas acrescenta batidas dançantes em canções como “Lucky Strike” e “Doin’ Dirt.” O Rapper Wiz Khalifa contribui com um verso no carro-chefe do álbum, “Payphone”, que esta semana está no No. 3 no Hot 100.
“É meio que uma reinvenção”, diz o diretor de programação da KIIS FM (102.7), John Ivey. No mês passado, a rádio de Los Angeles convidou o Maroon 5 para tocar no show anual Wango Tango, junto com Khalifa, Nicki Minaj e Pitbull – atrações bem além da cena rock que o Maroon 5 já circulou. “Eu acho que eles encontraram uma bifurcação na estrada, e escolheram o caminho certo. Mas não parece que eles se venderam. Eles apenas atualizaram seu som.”
Valentine diz que a modernização os guiou até a afrouxar papéis já estabilizados. “Eu era territorial no início – tipo, ‘Quem são esses caras e qual será meu lugar agora?'” Levine lembra de discutir com Flynn sobre manter as batidas simples o suficiente para impactar imediatamente na rádio ou em uma arena de basquete.
Os dois homens reconhecem que a vibe dançante do “Overexposed” representa uma quebra no clima atual do pop. “Mas olhe para qualquer artista durante a era Disco, dos Rolling Stones ao Rod Stewart ao ABBA,” Levine acrescenta. “Eles estavam tentando se adaptar!”
“O preço da admissão é que você existe um som que você precisa ter se você quiser ter uma chance na rádio,” diz Valentine. “Se isso é bom ou ruim, é outra conversa. Mas é assim que tem sido nos últimos dois anos.”
Levine é descarado quanto ao seu desejo de “ser parte da conversa,” como ele diz. “Nós não queremos entrar silenciosamente pela noite.”
E não o fizeram: Na manhã da sexta, o Maroon 5 está programado para se apresentar no Summer Concert Series do “Today Show”, que nas últimas semanas teve Justin Bieber e Chris Brown; este show alto-nível deve ajudar a levar o “Overexposed” para grandes vendas. Ainda que a entrada da banda no território Top 40 tem seus próprios desafios, diz Tedder.
“Agora eles estão tentando se manter,” o produtor conta. “Veja Rihanna – ela tem um single novo a cada 90 dias. Eu acho que o som das músicas [no ‘Overexposed’] é bem atual; vai ganhar vários fãs. Mas mantendo o interesse – essa é a coisa mais difícil do mundo.”
Levine, sozinho, não se preocupa, ainda que a produção de uma nova temporada do “The Voice” criou uma agenda que o empresário da banda, Jordan Feldstein, diz que “exige um diploma em matemática apenas para decifrá-la.”
“Eu amo o que estamos fazendo agora,” Levine falou antes que ele e Valentine voltassem ao trabalho. “Graças a Deus finalmente estamos aqui. Você provavelmente não pode citar mais do que 10 ou 20 bandas que conseguiram sobreviver ao a torcida de uma existência de mais de uma década.”