Adam Levine fala sobre carreira, família e a indústria da música no podcast Artist Friendly
No mais recente episódio do podcast Artist Friendly, apresentado por Joel Madden, Adam Levine falou abertamente sobre sua trajetória, desafios pessoais e as mudanças na indústria musical.
No bate-papo, dividido em duas partes, o vocalista do Maroon 5 relembrou histórias da adolescência em Los Angeles, como o verão inteiro que passou de castigo por dar uma festa, e comentou sobre dificuldades escolares ligadas ao TDAH. Ele ressaltou que crescer em LA oferecia muitas oportunidades para “se meter em encrenca”, mas que ter pais presentes e atentos foi fundamental para manter o foco.
Adam também falou sobre a decisão de mudar sua família para fora de Los Angeles, buscando oferecer uma vida mais normal aos filhos, longe da pressão do “fame monster”. Para ele, a fama é apenas um subproduto do trabalho artístico e deve vir acompanhada de um propósito real: “Se você quer ser conhecido, que seja por um motivo positivo — ajudar pessoas, criar arte, ter impacto.”
Ao lado de Joel, refletiu sobre como o cenário musical mudou: gêneros estão cada vez mais fluidos, as métricas de sucesso são menos claras, e o mais importante passou a ser se as pessoas realmente gostam da música. Apesar disso, os números impressionam: mais de 100 milhões de álbuns vendidos, 750 milhões de singles, 12 músicas com mais de 1 bilhão de streams no Spotify e o recorde de mais nº 1 no Billboard Hot 100 por um grupo neste século.
Adam admitiu que raramente pensa nesses dados, preferindo manter os pés no chão. Ele destacou a importância de relacionamentos sólidos, elogiando a esposa como sua “parceira em tudo” e reforçando que autenticidade é o que sustenta tanto a vida pessoal quanto a artística. Para finalizar a primeira parte, ele comentou como Maroon 5 nunca se prendeu a um único gênero, buscando sempre criar boas músicas acima de rótulos — algo que, para ele, é o verdadeiro espírito da arte.
Na segunda parte da entrevista , o papo seguiu descontraído, mas com reflexões profundas sobre carreira, maturidade e família. Adam começou contando uma curiosidade: ele acredita que conseguiu o convite para participar de The Voice por causa do apresentador — que já havia feito a versão australiana do programa — já que a produção procurava especificamente um “vocalista tatuado” para o painel. Entre risadas, ele reconheceu que manteve o trabalho porque é bom na TV, mas que o “empurrão inicial” veio dessa coincidência.
A conversa passou então para tatuagens, com Adam revelando que seu último trabalho — cheio de preto e sobre outras tattoos antigas — foi tão doloroso que o fez considerar parar. Ele comentou também sobre a importância de respeitar o trabalho de tatuadores antigos, especialmente quando decide cobrir um desenho.
O foco, porém, esteve no novo álbum do Maroon 5, Love Is Like, oitavo da carreira. Adam explicou que quis fazer um trabalho mais artístico e pessoal, com ideias, letras e melodias vindas principalmente dele e da banda, fugindo das tendências do pop atual e priorizando a autenticidade. Para ele, foi um retorno às origens criativas, sem pensar no que seria mais “estrategicamente comercial”. O objetivo foi criar algo que representasse exatamente o momento em que está na vida.
Ele também refletiu sobre como sair de Los Angeles ajudou a reduzir o “ruído” e a se reconectar com o ato de compor. Segundo Adam, o momento atual do Maroon 5 é de maturidade: o catálogo da banda já se provou ao longo dos anos e o grupo se mantém relevante também por ser competente ao vivo — algo que ele considera fundamental para sustentar uma carreira de décadas, especialmente em um cenário em que artistas muitas vezes pulam etapas e chegam a grandes palcos sem experiência.
Outro ponto central da conversa foi a mudança de prioridades. Antes movido quase exclusivamente pela carreira, Adam disse que hoje o principal motivo para sair da cama é a família, com o trabalho ocupando um segundo lugar — ainda importante, mas agora impulsionado por um propósito maior: prover e dar orgulho aos filhos. Ele reconheceu que a vida em turnê e no estúdio ganha um significado diferente quando se equilibra com momentos reais e genuínos em casa.
Para Adam, esse equilíbrio e a valorização das experiências vêm com a idade e com o amadurecimento. Depois de mais de 20 anos de estrada, ele afirma sentir uma gratidão imensa por ainda estar tocando para plateias lotadas e por poder viver uma vida real, com conexões verdadeiras, sem se prender aos estereótipos de comportamento que marcaram gerações anteriores de músicos.

