Ryan Dusick fala sobre saída do Maroon 5 e sobriedade para a PEOPLE

Ryan Dusick, baterista original do Maroon 5, bateu um papo com a revista americana People e revelou alguns detalhes sobre a sua saída da banda em 2006, além de contar sobre seu problema de abuso de substâncias e sua jornada para a sobriedade, o que o motivou a escrever o livro ‘Harder To Breathe’, lançado no ano passado.

De acordo com a publicação, o baterista conta que o livro foi a forma do músico conseguir “superar a experiência e criar um projeto de que eu tenho muito orgulho e trabalhei pesado para que possivelmente possa ajudar outras pessoas”. 

No livro, Ryan conta como aconteceu a conversa de que ele estaria deixando a banda. Na época, a banda tinha acabado de atingir o estrelato com o álbum Songs About Jane, e a banda já estaria sendo pressionada a criar o álbum seguinte. O problema é que Ryan não estava bem de saúde no final da turnê, e isso afetou a produção do álbum. Em uma reunião privada com todos os membros do grupo presentes, Adam Levine foi quem começou a conversa. “Olha cara, eu estou preocupado… Realmente preocupado. Eu não sei o que está acontecendo com você e com seu braço neste momento, e eu não acho que a gente consegue esperar mais para ver se você consegue se recuperar… Nós temos um álbum para gravar.”

Ryan sabia que ele não iria conseguir continuar – mas ele não conseguia aceitar. “Eu sabia que teria que encerrar desse jeito, era questão de tempo. Era algo que todos sabíamos, mas não falávamos nada, e nós tentamos entrar no estúdio e gravar outro disco… Como que eu iria conseguir isso? E mesmo que eu conseguisse, que garantia eu teria de que isso não iria acontecer de novo durante a turnê?”

“Eu tinha 27,28 anos quando isso aconteceu. Eu estava na banda há 12 anos naquela época. Eles eram meus melhores amigos e eu tinha uma relação muito próxima com todos e sonhando esses sonhos grandes com eles, e finalmente chegamos naquele momento em que estavam rendendo os frutos, então era impossível para mim lidar com a perda de tudo isso. Eu não estava só perdendo a carreira, eu estava perdendo minha identidade”, confessa.

Ele continua explicando que gostaria de que a banda tivesse “feito mais” para mantê-lo no Maroon 5 e nas suas vidas. “Eu guardei muita raiva, rancor, parte disso era válido, mas muito dessa raiva estava erroneamente direcionada. Eu estava com mais raiva de mim do que de qualquer outra pessoa,” dizendo ainda que conseguiu lidar com isso, mas que eventualmente o sentimento voltava como ”inveja”.

“Eu tinha um ego enorme, sofrendo com tudo o que eu era. Eu ia aos shows deles na cidade e os via tocando as músicas que eu ajudei a criar, com um outro baterista tocando as partes que eram minhas, e vendo o estilo de vida que eles atingiram, o glamour, o fruto de todo o trabalho que eu fiz por mais de uma década. É impossível não sentir inveja, se perguntar ‘porque eles e não eu?’”

Após a saída da banda, no entanto, Dusick caiu em um vício de alcoolismo e abuso de substâncias.  “Eu passei por todos os estágios que um viciado passa até atingir o fundo do poço,” continua, revelando que a jornada o ajudou a atingir um momento de claridade, quando procurou um centro de reabilitação e encontrou conexão e uma comunidade. Desde então, ele tem se motivado para viver como terapeuta e coach, além de ter continuado com sua educação e também a motivação para escrever um livro.

“Era como se em cada momento da minha recuperação, enquanto eu estivesse focado na próxima etapa, aquele sentimento de pertencimento e a sensação de dever cumprido, tudo se tornou fácil. Eu não tenho nenhuma vontade de tomar bebida alcóolica há sete anos. Porque eu faria isso comigo mesmo?”

Ele ainda conta que voltou a tocar bateria, mas não na mesma intensidade de antigamente. “Eu ainda tenho aquelas lesões e ainda preciso trabalhar muito nisso.”

Por fim, Ryan conta como está sua relação atualmente com a banda, revelando que tem uma proximidade maior com Adam Levine. “Não importa quanto tempo passe, quando nós trocamos mensagem de texto ou nos vemos em um casamento ou show do Maroon 5 ou qualquer lugar, é como se nenhum tempo tivesse passado,” contando que celebrou seu aniversário de 40 anos durante a primeira noite da residência do Maroon 5 em Las Vegas, no início deste ano, dizendo que tem muito orgulhos dos ex-companheiros de banda e feliz por ter feito parte da jornada.

“Era um processo que eu precisei passar. E quando eu encontrei a sobriedade e comecei minha recuperação, não só do alcoolismo, mas da depressão, da perda e da ansiedade que seguiram, muito disso passou rapidamente, e eu consegui encontrar gratidão pelo que eu consegui fazer parte. E esse é um lugar extremamente saudável para estar. Eu não tenho nenhum rancor. Apenas amor. Eles são meus irmãos de coração, e eu sou grato pela experiência que eu tive.”

Fotos: Chris Wray-McCann, Ryan Dusick, People

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